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Como dizia Freud, pioneiro da psicanálise, “Cada pessoa é dotada de um inconsciente que é singular e constituído através de um outro. Assim, cada sujeito possui seus próprios conflitos internos que se encontram no inconsciente – local dos traumas, desejos “proibidos” e reprimidos da infância”. Com isso, ele ensina buscar a psicanálise através da escuta, da análise pessoal, o despertar do paciente a um processo de autoconhecimento e amor a verdade.

Para o autor, o termo psicanálise consiste numa modalidade de tratamento que se restringe aos referenciais e fundamentos da ciência psicanalítica, oriundos de aprofundamentos que permitirão ao paciente uma reconstrução do passado, com um direcionamento para o presente, de modo a oferecer-lhe condições para o confronto e enfrentamento dos seus medos, anseios, traumas, atos falhos, doenças. A importância do analista diante desses enfrentamentos é estar atento à corporeidade do paciente. O analista ouve, olha atentamente o corpo para além de sua materialidade, precisa perceber o sintoma que o atravessa, o que incomoda, aborrece e paralisa o paciente.

Diante desta reflexão, percebe-se que o nosso corpo é marcado por significantes provenientes de um discurso, seja ele qual for. A psicanálise, através do analista, elege por escutar o corpo em sua singular coreografia, permitindo ao paciente olhar-se com maior honestidade possível, encarrando o real cenário na qual cresceu, acompanhando a cronologia dos fatos, revisitando sua biografia como uma possibilidade de abordar a verdade devolvendo ao sujeito um olhar amplo, global e transcendente de si. “Nossas memórias da infância assemelham-se a um quarto intransitável devido a uma imensa montanha de roupas desarrumadas”. (GUTMAN, 2017)

Essa verdade, após acessada, permite ao sujeito a tomada de decisões conscientes, estas que, na maioria das vezes, se encontram alicerçadas a memórias e discursos arraigados de modo automático. O psicanalista propõe uma desmontagem considerando que “esse seja um trabalho inadiável: a remontagem do ‘quebra cabeça’ com relação àquilo que realmente aconteceu, descartando aquilo que foi relatado, mas que não se encaixa na lógica real” (GUTMAN, 2017). Diante disso, nossa função enquanto terapeutas é ser um canal à disposição da busca interior de cada sujeito. Ainda, conforme a autora, “Procurar a sombra é sempre dolorido. Permanecer cego, porém, é mais dolorido ainda”.

Márcia Brun
Pedagoga- Psicopedagoga Clínica, Especialista em Desenvolvimento da Infância e Adolescência
Psicanalista em formação

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