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Olha quem está falando!

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Um bebê não é apenas um corpo orgânico, ele é muito mais que isso!. Um bebê se constrói muito antes do nascimento, se constrói no desejo dos pais, na relação com o outro. Para ele crescer saudável organicamente irá necessitar de um sistema fisiológico que opere dentro do esperado, mas muito mais que isso, para que ele possa se constituir saudável e evoluir em suas funções de aprendizagem, memória, capacidades cognitivas, ele vai precisar da relação com o outro, de qualidade no laço afetivo com o semelhante, aquele que nós conhecemos, de carne e osso, aquele que faz interação, ligação, que faz fisga com o olhar e a voz. No entanto, o aparelho psíquico não nasce pronto; ele tem tempo de lógica para sua constituição, e aí é que entra o adulto de olhar atento, buscando dar sentido a protoconversação, aquela conversa de sons, grunhidos, gestos emitido pelo bebê; é o adulto que precisa colocar em palavras, dar sentido ao que está sendo transmitido. Já o manhês, aquela fala doce e manhosa, de grande importância para as primeiras fases da constituição psíquica, a qual inicia sua formação desde então. Muitos podem achar que o ser tão pequeno ainda não entende nada, porém, alguns deles nascem dotado de motivações, em querer partilhar suas experiências com o mundo que os rodeia, outros não. Aí entra a devida importância e atenção a ser dada para quem o(s) cuida(m).

Neste sentido, sabe-se que o caráter provocador de um bebê é inebriante, onde a funcionalidade, a intencionalidade com que ele se comunica com o mundo, mostrando, controlando e provocando os que estão ao seu redor é muito importante para nós adultos. É ele, o bebê, que promove uma rede de construções frente ao mundo, da construção subjetiva com o outro, instigando e fomentando o seu desejo em relação aos pais para com o mundo. O encontro precisa acontecer, mas é uma via de mão dupla! Importante lembrar, ele não se constrói sozinho, sua funcionalidade precisa ser instigada, estimulada bem como, muitas vezes, necessita ser desenvolvida por quem cuida.

Sua característica investigativa frente ao mundo, aos objetos, aos sons, sua capacidade de análise, de nuances afetivas, presentes nos gestos e olhares emitidos, abrindo-se e fechando-se, retraindo ou chorando. As eleições que o bebê faz, não são frutos do acaso, elas são fundamentais em uma análise da comunicação que está para além da palavra. Ele é capaz de se abrir e se fechar aos outros, pois o bebê é capaz de sentir, perceber e analisar as nuances afetivas que estão no olhar dos pais, das pessoas ao seu redor; se impressionar com cheiros, cores, sons, sendo capaz de responder à emissão de sons e reconhecimento da voz dos pais a partir dos 5 meses de gestação.

A entrada do olhar atento, a capacidade de escutar os bebês, a importância para poder detectar e pensar a respeito dos sinais de sofrimento de um bebê, são fundamentais para seu desenvolvimento futuro, bem como a detecção precoce de cuidados primários iniciais são de grande importância. A infância é um tempo em que não existe espaço para diagnósticos fechado!

Por isso, o olhar atendo dos pais, familiares, cuidadores e redes de apoio é de extrema importância para a constituição psíquica dessa criança. Dessa forma, devemos nos perguntar: Somos capazes de escutar o bebê?

Débora R. Knebel é psicóloga, psicanalista em formação e mestre em psicanálise. Membra do Núcleo da infância e educação do Projeto Associação Científica de Psicanálise e Humanidades de Passo Fundo e membra da rede-bebê sede de Passo Fundo. Trabalha com psicoterapia e psicanálise com bebês, crianças, adolescentes e adultos.

Débora Regina Knebel é psicóloga, psicanalista em formação pelo Projeto Associação Científica de Psicanálise e Humanidades de Passo Fundo, mestre em Psicanálise e proprietária do Gaia Freudiana serviços em psicologia de Santa Rosa.

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