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Profa, Dra. Cleria B. Meller
ONG. Terra Verde

Estamos iniciando este século mergulhados em dúvidas e incertezas. As mudanças ocorrem numa velocidade sem precedente na história da humanidade, rumo a um futuro com contornos indefinidos. A sociedade contemporânea, nos últimos anos, começa a perceber os riscos do atual modelo de desenvolvimento, se defrontando com tantas incertezas, abandonando os dogmas que a um tempo foram apanágios da Ciência Moderna.

É neste contexto que o tema Meio Ambiente ganha grande visibilidade, quando a humanidade presencia um acelerado esgotamento dos bens naturais num ritmo sem precedentes. Os meios de comunicação têm se encarregado de divulgar as grandes catástrofes ambientais, naturais ou aquelas provocadas pelos humanos. Muitas vezes, entretanto, assistimos estas violações ao equilíbrio natural como se estivessem muito longe de nós.

O Planeta está com febre. Os sintomas desta crise são cada vez mais evidentes. Eventos extremos vêm ocorrendo com maior frequência, trazendo mortes, destruição, prejuízos e impactos em nossas vidas e nos ecossistemas como um todo. Para refletir e até mesmo meditar sobre essa realidade, parece fulcral assinalar algumas destas evidências que estão ocupando lugar de destaque na mídia local, nacional e internacional. Dentre as temáticas que aparecem são as mudanças climáticas, que representam um problema global com graves implicações ambientais, sociais, econômicas, distributivas e políticas . Apesar de o clima ser um bem comum, um bem de todos e para todos, o impacto mais pesado da sua alteração recai sobre as pessoas mais pobres.

Podemos enumerar uma série de eventos que interferem na qualidade da vida das pessoas como, desigualdades sociais, destruição das florestas, uso intensivo de agrotóxicos, ocupação de áreas de riscos, além de tantos outros.

Muitos pobres vivem em lugares particularmente afetados por fenómenos relacionados com o aquecimento global, e os seus meios de subsistência dependem fortemente das reservas naturais e dos chamados serviços do ecossistema como a agricultura, a pesca e os recursos florestais, Os ecossistemas das florestas tropicais possuem uma biodiversidade de enorme complexidade, quase impossível de conhecer completamente, mas quando estas florestas são queimadas ou derrubadas para desenvolver cultivos, em poucos anos perdem-se inúmeras espécies, ou tais áreas transformam-se em áridos desertos.

É urgente o desafio de proteger a nossa casa comum, o Planeta que inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral. O Papa Francisco, na Encíclica Laudato si’ nos convida a olhar e viver no mundo e com as pessoas que nele habitam como uma única e mesma família ou como uma família de famílias.

Na verdade, a saúde da Terra está em declínio e a sobrevivência de todos os seres vivos depende de um Planeta sadio. Há que se recuperar a Terra e sua recuperação demanda um extraordinário grau de esforço nacional e internacional e uma sequência de eventos cuidadosamente planejados para substituir o carbono fóssil por fontes de energias mais seguras. A recuperação não acontece alimentando o crescimento e o desenvolvimento econômico, utilizando o que ainda resta. Na verdade, falta da adoção do modelo circular de produção para reduzir o uso dos recursos não renováveis, moderando o seu consumo, maximizando a eficiência no aproveitamento, reutilizando e reciclando-os.

A melhor maneira de colocar o ser humano no seu lugar, e acabar com a sua pretensão de ser dominador absoluto da terra, é propor a figura de um Pai Criador e único dono do mundo. Chegamos num momento em que “[…] o futuro da nave espacial Terra, dos tripulantes aos passageiros, não é mais, como outrora, assegurado. Temos condições técnicas de devastar a biosfera, impossibilitando a aventura humana” (BOFF, 2001, p.17). Apesar dos conhecimentos construídos sobre a Terra, estamos perdendo nossa intimidade com ela. Daí a importância de nós nos colocarmos como passageiros desta nave, assumindo o compromisso de deixá-la apta a continuar sua viagem.

A natureza é governada por suas leis, que não foram feitas pelos humanos, e estes também não podem desfazê-las. Aos humanos só resta aprender essas leis para poder utilizá-las para seu proveito. O momento exige uma nova visão de mundo, um programa educativo, um novo estilo de vida.

Vivemos um período de crise planetários, a realidade exige um esforço de todos, independente de crenças, raças, etnias e religiões. É preciso consenso sobre uma necessária conversão ecológica que reoriente a vida para uma ecologia integral, que consiste numa mudança de hábitos e costumes insustentáveis. Que a prática da Educação Ambiental se efetive com gestos e ações concretos, a pequena parte que nos cabe, para ajudar a resgatar a dignidade da criação.

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