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Todos os seres vivos, nascem, crescem, se desenvolvem, envelhecem e morrem. É a lei da vida. Ninguém escapa disso. A diferença entre nós, humanos e os animais é que estes não têm consciência da sua finitude, nós temos. Por mais que lamentamos os momentos difíceis, não trocaríamos nossa vida por nada, nem pela promessa do céu, de um paraíso com mel e virgens à nossa disposição por toda a eternidade. Lamentamos viver em nosso vale de lágrimas porém, não trocamos esta vida por nada. Li que, biologicamente falando, começamos a descer a ladeira aos 25 anos, idade em que atingimos o pico, nossa plenitude do desempenho biológico. No entanto, nessa idade se bebe mais, porque a ressaca é menor, nem se pensa no futuro anunciado da velhice, nosso comportamento é sedentário, quatro em cada cinco jovens não praticam atividade física. Vamos levando. Na verdade, desenvolvemos a arte de desmoralizar a vida. Mas um dia, se tivermos sorte, a velhice chega.

A velhice é uma pauta que, em meu julgamento, deveria estar presente sempre em nossas conversas. Até porque é um processo irreversível. A pressão social negativa em relação aos idosos é uma triste realidade. A sociedade admira o novo, o forte, o vigor, a juventude; despreza o velho, o idoso, repele, com referências negativas, com rejeição. É o estigma do deboche, da hostilidade. Principalmente no Brasil. Nos países asiáticos, sabe-se que os idosos são tratados como fontes de experiência e sabedoria acumuladas e as transmitem às novas gerações.

Doeu assistir ao envelhecimento dos meus pais. Entraram em decadência, lapsos de memória, os cabelos brancos, o câncer, Alzheimer, o diabete, dores. Perderam toda e qualquer qualidade de vida, suas habilidades funcionais. As pessoas boas não deveriam morrer, nem mesmo adoecer. Quando eu era criança via meu pai e minha mãe como imortais. Nunca os imaginei numa cama, imobilizados, impotentes, olhando para mim sem me reconhecer. Meu pai foi para mim como uma espécie de profeta, falava do futuro, contava sobre o passado ajudando a descobrir minha origens, a sedimentar minha insignificante identidade. Mas meu contador de histórias foi, aos poucos, sentindo as limitações temporais, até pairar num mundo de profunda alienação.

Eu diria aos mais jovens que respeitem a experiência dos idosos, busquem o que eles tem a transmitir. Aprendam com eles. E não encarem os velhos apenas como cifras, como índices numéricos. Os velhos apenas são lembrados como dados de senso demográficos. O Brasil tem x % de idosos com mais de 60 anos, idosos com mais de setenta anos não precisam mais votar, idosos têm prioridade na fila do Banco, a longevidade está aumentando: hoje os velhos morrem com mais de oitenta anos…..

Como sou membro da Confraria dos que Estão Chegando Lá, permito-me oferecer alguns conselhos. Viva a vida que lhe resta, com plenitude, cada dia, porque a vida é feita de muitos dias, de muitas horas, e não de minutos atrasados. Faça o que tiver que fazer, o que lhe der na telha, seja feliz, não tenha medo. Não queira saber o que ficou para trás depois que fecharam as portas. O mistério vai acabar. Demonstre seus afetos aos que ama. Viva a realidade das relações, evite conviver seus poucos dias que restam, com pessoas desagradáveis, com gente que não faz sentido, que não gostam de você. Conviva com seus filhos, seus parentes mais próximos, tenha a coragem de enfrentar o pessimismo dominante, as espirais de maldade. Vida longa a todos nós!

PS Eu, como um ancião, estou vivendo uma vida intensamente feliz, como qualquer outro mentiroso.

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