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por José Albino Rohr

No distante 25 de julho de 1824, chegavam as primeiras 24 famílias de imigrantes alemães ao Rio Grande do Sul. Às margens do Rio dos Sinos, fundaram a Feitoria Real do Cânhamo, depois rebatizada de São Leopoldo, em homenagem a Dona Leopoldina, filha do imperador da Áustria, e esposa do imperador Dom Pedro I.

Esses pioneiros eram oriundos do Hunsrück, Saxônia, Würtenberg e Caburgo. Até hoje São Leopoldo é o símbolo da cultura germânica no Brasil. A maioria desses imigrantes era formada de artesãos de diversas áreas de produção, agricultores, comerciantes e soldados.

O que fez esses intrépidos e valorosos homens e mulheres abandonarem sua terra natal e seus amados parentes para se aventurar a atravessar o Oceano Atlântico e se alojar em terras distantes e desconhecidas?

A situação política e econômica da Europa, e particularmente da Alemanha, no início do século XIX, era crítica. A unificação dos estados alemães foi marcada por conflitos. O processo de industrialização provocou o êxodo rural em massa e formou um grande contingente de trabalhadores desempregados. Buscar melhores condições de vida era uma necessidade que se impunha.

Por outro lado, o Império do Brasil almejava dinamizar o mercado interno, incentivar o desenvolvimento de pequenas manufaturas e substituir gradualmente a mão-de-obra escrava. Necessitava de homens para lutar nas guerras que o Brasil travava ao longo do século XIX com seus vizinhos do Prata. Além do mais, havia a necessidade de promover o povoamento de enormes áreas disponíveis. Assim sendo, muitos imigrantes foram atraídos pela expectativa de melhores condições de vida no sul do Brasil, e um número cada vez maior de alemães esperançosos chegava ao Rio Grande do Sul.

Colonizaram, primeiramente, a região do Vale dos Sinos, fundando diversas cidades, como Novo Hamburgo, Ivoti, Igrejinha e Nova Petrópolis. Quando as terras próximas à região metropolitana de Porto Alegre estavam ocupadas, iniciaram a colonização de regiões mais distantes, formando as futuras cidades de Lajeado, Estrela, Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires, e outros.

No final do século XIX, os imigrantes alemães e seus descendentes chegavam ao oeste do Estado, fundando a colônia de Ijuí, que foi o ponto de partida para a ocupação das terras de Cerro Largo, Campina das Missões, São Paulo das Missões e Santo Cristo. Em 1914, imigrantes alemães, italianos e poloneses fundaram a Colônia 14 de Julho, que deu origem à cidade de Santa Rosa.

Inúmeras dificuldades foram enfrentadas pelas famílias que chegaram às plagas gaúchas: a dificuldade da língua, a mata cerrada, as deficiências logísticas, o isolamento das colônias entre si e dos grandes centros, bem como o não cumprimento das promessas do governo imperial na distribuição de terras para os colonos.

No entanto, com dinamismo, coragem e perseverança, esses altaneiros homens e mulheres aos poucos conseguiram vencer as dificuldades, e se estabeleceram com sucesso em nosso Estado e região. Fundaram inúmeras cidades, diversificaram a economia, e contribuíram de forma inestimável com sua gastronomia, arquitetura e os sólidos valores morais e religiosos, expressos e cultuados principalmente pela Fé Católica e Evangélica Luterana.

Alemães, irmanados a italianos, poloneses, árabes, portugueses, afro-descendentes e outros povos construíram esta sociedade pujante da qual todos nos orgulharmos. Nada mais justo e necessário que rendamos a nossa homenagem aos que nos antecederam pelo grande e glorioso legado que nos deixaram. A eles nosso respeito e eterna gratidão.

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